quarta-feira, 18 de junho de 2008

Sobre Deus e outras coisas...

A fé das pessoas sempre me intrigou. Não a fé em si (palavra que define o acreditar em algo), mas o que elas fazem com esta fé, onde depositam sua energia, tempo e dedicação, e o resultado disso na vida delas.

Entre tantas espécies de igrejas que surgem e ressurgem a todo o instante, a Bola de Neve Church era a que mais me intrigava. O crescente número de surfistas, parapentistas, escaladores de montanhas, bailarinos, skatistas e toda a ramificação de “jovens que vivem a vida” a freqüentarem esta igreja martelavam na minha cabeça toda vez que eu passava em frente ao endereço: mas, afinal, o que ela tem que as outras não têm? E mais: seria esta uma igreja que finalmente conseguiu ver um Deus mais simples e menos distante de nós?

Lá fui eu para mais uma experiência “veja por vocês mesma e tire suas próprias conclusões” da minha vida. Domingo, culto cheio! O altar é uma prancha de surf??? “Opa, algo novo há de surgir por aqui”. A noite começa com show ao vivo e banda de rock. Deus aparece nas melodias de reggae, de rock, de uma balada suave. Todos – absolutamente todos – começam a dançar. E a dançar. E a dançar. Todo mundo dança mesmo! Em poucos minutos, dois ou três começam a entrar em transe. E mais um e mais um. Eu sempre achei para lá de esquisito esta história de entrar em transe, mas tudo bem, tô aqui mesmo, vou até o final.

Música e mais música, letras no telão, Jesus no telão, oração no telão. Depois de uma hora de show, é hora de todos sentarem. E o pastor fala de vida, de fé, lê trechos da Bíblia. E pede colaborações em dinheiro. Hora de colaborar...

Mais uma hora e meia de leituras, orações, interpretações da Bíblia a uma legião de jovens atenta. Pastores, cordeiros, irmão, pecado, céu, inferno, Deus, demônio, bem, mal e outras tantas palavras semelhantes a de qualquer outra igreja.

Devo confessar que saí de lá com uma pontinha de decepção. E certa de que o único diferencial da Bola de Neve Church é a linguagem própria para conversar com os jovens. A base do dogma, no entanto, não diferente de tantas outras.

Há algum tempo que reflito sobre o quê e por onde acreditar e evoluir. Ainda não encontrei até hoje uma igreja, filosofia ou linha de pensamento na qual me identificasse totalmente. Desconfio que seja pelo fato de 99% delas não admitir um outro olhar que não aquele que elas pregam. Intolerância de idéias?

Há muitas formas de buscar Deus ou seja lá que nome tiver o que as pessoas buscam. Uma amiga querida acaba de redescobrir a Gnose, uma linha de auto-observação e evolução interior bem bacana. Tem uma espécie de “manual” de três fatores em busca do silêncio, da liberdade e da felicidade interior. Ela está feliz! E eu estou feliz que ela encontrou o caminho que considera certo.

Infelizmente eu não acredito em manuais, nem em linhas fixas de buscar isso ou aquilo. Quanto mais eu caminho, mais estou certa de que Deus não está fora. Ele está aqui dentro. Não precisamos procurá-lo nas igrejas, nem em dízimos, nem nas culpas, nem nos pastores. Evolução é se auto-avaliar o tempo todo, é buscar o próprio manual, os próprios passos e a própria “igreja”, que pode ser em casa, no quarto, no carro ou tomando banho. De formas diferentes, para pessoas diferentes.

O equilíbrio é a base para a fecilidade e não o radicalismo. Não me façam acreditar que já nascemos pecadores. E que precisamos ir a igreja para conversar com Deus. Eu quero sempre o novo, de acordo com cada momento da vida. E o melhor de cada caminho. De preferência, sem culpas.

5 comentários:

Patrícia Lima disse...

Oi Lu.

Teu texto está realmente cheio de inquietudes... e isto é bom.
Mas eu gostaria de esclarecer uma coisa: os Três Fatores de Revolução da Consciência não consistem em um manual.
A Gnose não é um dogma. Ao contrário, ensina que devemos nos libertar das amarraras. Parar de tapar o sol com a peneira e sair da MECANICIDADE que é a nossa vida. Do jeito que estamos, sim, seguimos manuais. Bilhões de manuais. E nem nos damos conta disso.
Gnose é um conhecimnento (o significado da palavra é este: conhecimento)que permeia toda a história da humanidade.
E o que os Três Fatores nos ensinam é justamente isto: todas as respostas estão dentro de ti. Busque-as dentro, jamais fora. Jamais.
Porém, a tagarelice da mente, que nos tortura 24 horas por dia, não nos deixa ouvir. Deus (ou seja lá que nome se dá), está, sim, dentro de cada um. Nós é que não sabemos encontrá-lo.
Porque estamos dormindo, seguindo os manuais de uma vida mecânica.

Beijo amada. E força para as tuas buscas!!!

Giselle Zambiazzi

www.conscienciaignea.org

Elton555 disse...

Sempre achei que as respostas estão em nós mesmos. A linha de pensamento é esta, né Lú?
Ótimo texto. Inquietante. Parabéns e obrigado por nos fazer pensar.

Unknown disse...

Compartilhamos das mesmas idéias Lú... Deus está em cada um de nós, e cabe somente a nós procurá-lo e descobrí-lo. Grande beijo!
rics

Bettina Riffel disse...

muito bom . Ha muitos anos tb me questionei muitas coisas com relacao a fé e no que acreditar. Sempre pensei que cada um encontrara a igreja, seita, filosofia, ou sei la o que, ... importante é ser aquela que vc acredite , que te deem respostas... Depois de procurar , eu encontrei a minha, ou melhor, ... uma maneira de ver as coisas...
CAda um encntra o seu. e se ainda nao encontraste , eh por que nao chegou a hora :-)

ELMO disse...

Signorina... toda religião sem disciplina ou liderança é feita para os mahatmas apenas. O conceito budista de Deus em tudo (será), necessita de um início de vida no seio de uma sociedade que divida água, terra, fogo e vento... e tenha a virtude de se acalmar em companhia de qualquer um deles. Não esqueça das moedas ou das rolhas que vc manuseou na vida. Toda falácia que nos livra de esforço e da necessidade de depuração e de purificação é axioma conveniente, auto-verdade... bj.